A MÃO NA PAREDE

A MÃO NA PAREDE
Abimael Canto Melo




Eu sou a mão na parede
Que escreve a tua sentença,
Que te flagra em pleno banquete,
Abusando do poder que não é teu.

Eu sou a mão na parede
Que traz a público as tuas violências ocultas,
Que mostra as tuas encomendas de morte.
Escrevo pra que vejam o monstro que és.

Eu sou a mão na parede
Que denuncia as tuas taras e orgias,
Teus encontros secretos e bacanais.
Eu sou a mão que te castra o gozo.

Eu sou a mão na parede
Que te faz tremer as pernas,
Que te dá calafrios e insônia,
Que te assombra com terror.

Eu sou a mão na parede
Que escreve em teu ser perverso
O juízo do teu valor,
O escárnio que bem mereces.

Eu sou a mão na parede
Que te ergueu a potestade;
Que te agüentou por muito tempo;
E agora aponta o teu fim.

Eu sou a mão na parede
Que bate o martelo em tua consciência.
Te dou o veredito, tua punição:
Terás pesadelos, horríveis tormentos;
Em cada movimento, minha sombra verás.

Tua poltrona é cadeira elétrica;
Tua cama te espeta o corpo;
Tua casa, teu inferno;
Teu corpo, teu ataúde.

Pára aí!
Mãos na parede!