quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DIÓTREFES - UM CRENTE DO MAL (3 JOÃO 9-11)

Assista primeiro ao vídeo. Depois, medite no texto que vem a seguir.

DIÓTREFES - UM CRENTE DO MAL
Por ABIMAEL CANTO MELO

Em primeiro lugar, Diótrefes é do mal porque seu caráter é mau. É o que João diz a seu respeito quando fala ao presbítero Gaio: "Gaio, meu querido amigo, imite o que é bom e não o que é mau" (v.11)

Diótrefes é um membro da Igreja do Senhor Jesus. Mas não é um membro sadio: está purulento, pútrido e gangrenado pela sede de poder, pelo egoísmo, pela maldade, pela rebeldia, pela ganância, pelo ciúme, pelo desrespeito às autoridades da igreja. Diótrefes é crente amargo, é erva daninha na seara do Senhor. É um insano, uma travanca, um estorvo, que atrapalha a obra de Deus na igreja local. Diótrefes é hostil, não recebe os servos de Deus e ainda impede os membros da igreja de recebê-los. Ou seja, Diótrefes expulsa as pessoas da igreja. Ele é do mal mesmo.

Diótrefes se transformou numa síndrome, em um conjunto de comportamentos que se manifesta em muita gente que faz parte da igreja de Deus.

Essa síndrome, geralmente, é comum em crentes com certo tempo de igreja: os mais antigos, também chamados de pioneiros, fundadores ou famílias tradicionais. Mas isso não significa que todos os crentes antigos, fundadores, pioneiros ou famílias tradicionais tenham esse comportamento abominável. A maioria desses irmãos é gente sadia, simples, de ótimo relacionamento, são pessoas acolhedoras e que visam sempre o crescimento da igreja do Senhor acima de suas preferências e de seus sentimentos. Porém, os crentes do mal, são o pedaço podre, fétido e horroroso da igreja. Eles são chamados na Bíblia de joio, de fermento, de imorais, de carnais, etc.

Baseados no texto de III João 9-11, vamos desenhar o perfil dessa gente ruim e perversa que vive atrapalhando ou destruindo a vida de quem quer servir a Cristo.

1. O TIPO NEURÓTICO - É aquele ou aquela que sempre age histericamente. São os famosos agitadores ou barraqueiros da igreja. Eles logo se tornam conhecidos como as grandes ameaças ao povo de Deus numa igreja local. São os protagonistas de escândalos e conflitos que chegam ao extremo da violência; o histórico deles é altamente negativo; sentem-se os verdadeiros "donos do pedaço" e são capazes das mais hediondas atitudes para manter o domínio do seu território. São insubmissos, não respeitam as autoridades da igreja; são sabotadores de tudo o que não lhes interessa, mesmo que seja algo da maior importância para o crescimento da igreja local. Usam a manipulação através da influência ameaçadora que exercem sobre os demais (os fracos), que têm por eles uma reverência mórbida e servil. Há pastores que preferem mimá-los e se submetem às suas insanidades em detrimento da vida de verdadeiros servos de Deus.

2. O TIPO CALCULISTA - É aquele ou aquela que age com sutileza e discrição. São aqueles que não demonstram suspeitas de agressividade, violência ou ameaça, porque agem sempre ocultados por seus fervorosos aliados. Seu comportamento em relação àqueles a quem querem destruir ou anular é bem diferente do tipo neurótico. Geralmente trabalham com argumentos que aparentam pena, preocupação ou cuidado. Também são especialistas em disfarces: se apresentam como amigos, entram na intimidade das suas vítimas, seduzem, encantam e depois dão o bote fatal, como o louva-a-deus (fêmea) faz com seu macho após o acasalamento.  A manipulação é uma das suas principais estratégias para que se mantenham no anonimato da maldade. Sempre usam pessoas fracas e crédulas que lhes servem de camuflagem e ao mesmo tempo de trincheira e munição. Dominam a arte de minar uma situação sem muita pressa ou estardalhaço pelos resultados destruidores. Sua ação maldosa só é descoberta após certo tempo, depois de uma dolorosa ligação diabólica de versões e fatos. Essas pessoas são falsamente submissas, ilusoriamente humildes e enganosamente bondosas. Elas conseguem, com esse comportamento, enganar até mesmo suas vítimas, sejam irmãos ou pastores. Tudo fazem para manter a influência e o poder.  É preciso muita observação para descobrir esse perigoso tipo de crente do mal.


Os CRENTES DO MAL são manipuladores: querem controlar as pessoas, seus sentimentos e vontades.
Os neuróticos ameaçam; os calculistas seduzem.

Pelo que a gente pode ver, o comportamento mais saliente em Diótrefes é o neurótico, mas ele também possui elementos comportamentais de um calculista, com certeza. O egoísmo e a manipulação, por exemplo, são bem comuns aos dois tipos.

Conheçamos um pouco de quem está estragado pela SÍNDROME DE DIÓTREFES na igreja de Cristo.

EGOÍSTAS - Eles só pensam em si mesmos, e todos os que são por eles manipulados são levados a fortalecer esse egoísmo tirano.
MANIPULADORES - É sua principal estratégia para executar seus planos e conseguir o que querem. Fingem um comportamento que atrai a credibilidade e a cumplicidade de muita gente. Por outro lado, quando são agressivos ou violentos, usam de ameaças e chantagens para exercer seu domínio. As pessoas se tornam suas reféns ou de sua pseudo-bondade, ou de suas ameaças e chantagens.
MEGALOMANÍACOS - Diótrefes queria ter a primazia (v.9), o poder, ser o mais influente. A megalomania é uma espécie de psicose. Crentes carnais também podem se tornar megalomaníacos, em nome de uma pretensa causa espiritual. São inconsequentes por causa do poder, pois, na verdade, não defendem nenhuma causa espiritual, tudo é mero pretexto, porque o que defendem mesmo são os seus interesses.
VIOLENTOS - Não necessariamente explícitos como violentos, mas violentos como mentores ou fazedores de maldade para com os verdadeiros servos de Deus. Os violentos explícitos são aqueles que assumem seus atos, mas os mais perigosos, na verdade, são os que não se expõem; aqueles que estão disfarçados de bonzinhos ou de amigos. Estes são hábeis em espalhar minas no território dos relacionamentos do povo de Deus com o propósito de destruir seus alvos.
SABOTADORES - Através da manipulação eles conseguem sabotar projetos ou ações para o desenvolvimento e crescimento da obra de Deus, quando estas não atendem seus interesses ou quando eles não são os seus autores ou quando não fazem parte da execução. Pelo fato de serem morbidamente invejosos, seu trabalho incansável é sempre criar obstáculos para o trabalho de quem lhes incomoda.
INSUBMISSOS - Essa gente carrega o vírus da rebeldia, seja ela explícita ou camuflada. Os neuróticos, são assumidamente insubmissos. A partir do momento em que se sentem incomodados, eles começam a destilar seu veneno. Por sua vez, os calculistas, manifestam uma falsa submissão. São covardes, não declaram abertamente seu instinto perverso. Muitos deles são bajuladores, usam essa estratégia para entorpecer seus alvos.
HOSTIS - Suas atitudes são repelentes aos novos crentes ou a irmãos e pastores que querem realmente fazer a obra para Deus. Igrejas onde abundam esses "irmãos" têm dificuldade para crescer. Sai mais gente do que entra. Há um constante déficit quantitativo. O que importa para os crentes do mal não é a quantidade de pessoas que esteja congregando, mas que eles estejam lá na frente, dirigindo, pregando, ministrando o louvor, "mandando" em um punhado de gente que está alí, uns porque fazem parte da panelinha; outros porque, a despeito da situação, são fieis a Cristo.
INGRATOS - Você pode fazer o maior bem a um crente do mal. Ele não vai reconhecer isso nunca. Você o ajudará incondicionalmente e ele se voltará contra você na primeira oportunidade em que precisar defender seus interesses egoístas. Crentes do mal só se lebram que precisam anular aqueles que ameaçam suas pretensões, seu território, seu naco de poder. Crentes do mal se esquecem rápido que foram ajudados.   
O louva-a-deus fêmea devora a cabeça do macho após o acasalamento.
Isso também acontece com muitos que louvam a Deus na igreja.

Os crentes do mal estão enquadrados naquela orientação de Paulo em 2 Tm 3:1-5, ou seja: eles têm aparência de piedade, de servos, de irmãos, de amigos, de bonzinhos, de espirituais, mas é tudo um truque, uma ilusão de sentidos. Chega uma hora em que eles precisam liberar seus infâmes instintos. Eles não resistem esses impulsos. Eles são do mal. Eles devoram, destroem não somente os que os incomodam mas também seus cúmplices, porque a natureza deles é má.
João dá uma receita para quem se depara com essa turma na igreja: "imite o que é bom e não o que é mau" (v.11). Em 2 Tm 3:5, Paulo termina orientando assim: "Fique longe dessa gente". O resto, fica nas mãos de Deus. Ele sabe o que fazer com esse pessoal.

Cuidado! Diótrefes morreu, mas deixou um manual sobre COMO MANIPULAR E DOMINAR UMA IGREJA. Que o Espírito Santo abra os olhos do povo de Deus.








        

 
   

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

JUÍZO PARA IGREJAS DOENTES E MIMADAS

Por Abimael Canto Melo

LEIA ISTO (JEREMIAS CAP. 6:9-15)
9 O SENHOR Todo-Poderoso me disse: — Na terra de Israel, não sobrará ninguém: ela ficará limpa como uma parreira que foi colhida duas vezes. Como um lavrador colhe as suas uvas, assim você deve salvar todos os que puder.
10 Eu respondi: — Com quem devo falar? E, mesmo que eu fale, quem vai me ouvir? Eles taparam os ouvidos, pois não querem prestar atenção. Eles não querem ouvir a tua mensagem e zombam do que dizes.
11 Ó SENHOR Deus, o teu furor me dominou; estou cansado de guardar a tua ira dentro de mim. Então Deus me disse: — Faça cair a minha ira sobre as crianças nas ruas e sobre os moços nas suas reuniões. Maridos e esposas serão levados como prisioneiros, e também os velhinhos.
12 As casas deles ficarão para outros, e também as suas terras e as suas esposas. Vou castigar o povo desta terra. Sou eu, o SENHOR, quem está falando.
13 Todos, ricos e pobres, procuram ganhar dinheiro desonestamente. Até os profetas e os sacerdotes enganam as pessoas.
14 Eles tratam dos ferimentos do meu povo como se fossem uma coisa sem importância. E dizem: “Vai tudo bem”, quando na verdade tudo vai mal.
15 Será que ficaram envergonhados por terem feito essas coisas que eu detesto? Não! Não ficaram envergonhados de jeito nenhum. Eles nem sabem o que é sentir vergonha e por isso vão cair como outros têm caído. Quando eu os castigar, eles vão ficar arrasados. Eu, o SENHOR, falei.

OS PORQUÊS DE ESTAREM DOENTES
 
(A) Porque são resistentes à correção pela Palavra de Deus

"Eles taparam os ouvidos, pois não querem prestar atenção. Eles não querem ouvir a tua mensagem e zombam do que dizes".

(B) Porque são rebeldes, atrevidos e cínicos 

"O SENHOR Deus me disse: “Escreva a mensagem numa tábua a fim de que fique registrada para sempre como testemunha eterna contra o povo. Pois são gente rebelde, pessoas mentirosas, que não querem ouvir a lei do SENHOR. Eles pedem aos videntes que não tenham visões e dizem aos profetas: ‘Não nos anunciem a verdade; inventem coisas que nos agradem. Dêem o fora! Parem de nos amolar! Não nos falem mais a respeito do Santo Deus de Israel!’ ” Por isso, o Santo Deus de Israel diz ao seu povo: “Vocês rejeitam a minha mensagem e põem a sua confiança e a sua fé na violência e na mentira. Portanto, esse pecado vai trazer a ruína para vocês; ele será como uma brecha que vai se abrindo num muro alto: de repente, o muro desmorona e cai no chão" Is 30:8-13

(C) Porque foram mimadas por pastores permissivos

"Até os profetas e os sacerdotes enganam as pessoas. Eles tratam dos ferimentos do meu povo como se fossem uma coisa sem importância. E dizem: “Vai tudo bem”, quando na verdade tudo vai mal"

(D) Porque perderam a vergonha e não sentem necessidade de arrependimento

"Será que ficaram envergonhados por terem feito essas coisas que eu detesto? Não! Não ficaram envergonhados de jeito nenhum. Eles nem sabem o que é sentir vergonha"


O QUE VIRÁ SOBRE ELAS

(A) Suas obras estão sendo julgadas e então virá juízo divino
"por isso vão cair como outros têm caído. Quando eu os castigar, eles vão ficar arrasados. Eu, o SENHOR, falei"

terça-feira, 16 de agosto de 2011

UMA JOVEM DE ATITUDE QUE SERVE DE EXEMPLO PARA MUITOS JOVENS DO NOSSO TEMPO

A Wasthi não imaginava que seria desafiada em sua fé. O impacto de sua atitude é como uma tsunami. Deus seja louvado e que muitos jovens vejam que vale à pena ser fiel ao Senhor na Babilônia dos nossos tempos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

TER OU SER: EIS UMA PARTE DA QUESTÃO

Por Abimael Canto Melo

A proposta do Evangelho é: SEJA salvo pela GRAÇA! SEJA cheio(a) do Espírito Santo! SEJA servo(a)! SEJA vaso de honra! SEJA bênção! SEJA evangelista! SEJA santo(a)!

Mas o que vemos é uma terrível insaciedade pelo TER. O ter assumiu o primeiro lugar no discurso de muitos pregadores.

Em Mt 6:33 Jesus mostra a ordem das coisas: "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas as demais coisas vos serão acrescentadas". O SER vem em primeiro lugar; depois vem o TER.

Em Mt 5:16, Jesus diz: "Assim brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos céus". Mas nós mudamos esse texto: "Assim brilhe as vossas conquistas pessoais diante dos homens para que vejam os vossos carrões, os vossos casarões, a vossa riqueza, e glorifiquem ao vosso Pai que está nos céus".

A demonstração do caráter cristão através de atitudes e ações que mostrem ao mundo que somos diferentes, que mudamos, que fomos transformados pelo Evangelho, não exerce fascínio para uma geração de evangélicos mimados, consumistas e hedonistas compulsivos, que, gradativamento vão se tornado secularizados e cada vez mais identificados com a imagem e semelhança deste mundo.
Tenho motivos de sobra para deixar esta impressão. A Bíblia diz: "Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele" (I Jo 2:15).

O que estamos indo buscar nos templos, nas reuniões? O que estamos indo buscar na Bíblia?

Não duvido que tenhamos muitas qualidades como povo de Deus, mas esquecemos do primeiro amor, das primeiras obras. Esquecemos do SER CRISTÃO. Estamos mais voltados para o TER.

O Evangelho nos desafia a sermos discípulos de Cristo. Na vida cristã bíblica, ter é uma consequência do ser. Poderemos ter muitas bênçãos materiais e saúde. Mas Jesus também disse que teríamos aflições (Jo 16:33).

Você topa o desafio de ser cristão do jeito de Jesus?





         

sexta-feira, 6 de maio de 2011

DISCURSO DE POSSE DO PASTOR CAIM LOBO AO ASSUMIR O PASTORADO DE UMA NOVA IGREJA EM ALGUM LUGAR DE NOSSO PAÍS


Autor: Abimael Canto Melo

SEREMOS IMPLACÁVEIS CONTRA MUNDANISMO, CARNALIDADE E PECADO.

SOMENTE QUEM É LOUCO ACREDITA QUE
VAMOS DEIXAR AS HERESIAS E A APOSTASIA TOMAREM CONTA DA IGREJA.
SE HÁ ALGO MUITO CERTO PARA NÓS, É QUE
A ORAÇÃO E O ENSINO DA PALAVRA SÃO FUNDAMENTAIS PARA UMA IGREJA CRESCER FORTE.
ESTAMOS CONVENCIDOS DE QUE É GRANDE ESTUPIDEZ ALGUÉM PENSAR QUE
SEREMOS FROUXOS COM AS IMORALIDADES SEXUAIS, CONTENDAS E OUTROS PECADOS.
DETERMINAMOS, SEM MEDO DE FALHARMOS, QUE
A SANTIDADE E O DISCIPULADO BÍBLICO SERÃO O ALVO DAS NOSSAS AÇÕES PASTORAIS.
HÁ UNS IRMÃOS ALARDEANDO MENTIRAS POR AÍ. ELES IMAGINAM QUE
A IGREJA SEJA PASTOREADA POR LÍDERES MUNDANOS, CÍNICOS, ARROGANTES E PICARETAS.
FAREMOS DE TUDO PARA QUE
A PREGAÇÃO DA PALAVRA LEVE O POVO AO ARREPENDIMENTO E À OBEDIÊNCIA A DEUS.
NÃO PERMITIREMOS, DE NENHUM MODO, QUE
O POVO DE DEUS SEJA MANIPULADO E DESTRUÍDO PELO ENGANO DA FALSA ESPIRITUALIDADE.
CUMPRIREMOS COM TANTA DETERMINAÇÃO NOSSO PLANO DE AÇÃO ATÉ QUE
TODOS OS NOSSOS OBJETIVOS SEJAM ALCANÇADOS.
EXERCEREMOS NOSSO PASTORADO COM TAMANHA AUTORIDADE E CONDUTA, DE MODO QUE
TUDO VAI FICAR MUITO CLARO AO POVO, E ESTAMOS TRANQUILOS QUANTO A ISSO.
NOSSO PASTORADO ESTÁ FIRMADO NUM PROJETO UNGIDO DE CRESCIMENTO.
TEMOS UMA PROPOSTA PASTORAL QUE VAI MUDAR A HISTÓRIA DESTA IGREJA. ACREDITEM:
DEUS NOS LEVANTOU PARA CONDUZIRMOS ESTE REBANHO A UMA GRANDE CONQUISTA.

Agora leia este discurso de baixo para cima e descubra o que realmente vai acontecer.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

UM SANTO CARA DE PAU




Autor: Abimael Canto Melo

Quem é o cara de pau aqui?
Sou eu! Sou eu, irmão! Sou eu que te dou “A Paz do Senhor” quando meu coração está carregado de ódio, ciúme e inveja contra ti. Sou eu mesmo o cara de pau que te recebo com um sorriso, e ao virares as costas apunhalo-te com minhas palavras e pensamentos ferinos.
Esse cara de pau sou eu! Sou eu, irmão! Sou eu que prego e sei tudo sobre humildade, mas não sou capaz de reconhecer meus erros, nem de pedir perdão. Todo mundo está errado, menos eu. Todo mundo tem que pedir perdão, menos eu, porque meu orgulho e minha arrogância não me deixam ver que sou um miserável pecador e fazedor de maldades contra meus irmãos.
Esse cara de pau sou eu! Sou eu, irmão! Sou eu que me derreto em prantos diante da congregação; faço meu showzinho emocional, aquela cara de espiritual chorão, mas não rasgo meu coração diante de Deus, não tenho coração quebrantado, ando arrastando a carniça da velha natureza.
Esse cara de pau sou eu! Sou eu, irmão! Sou eu que vivo dizendo que não se deve amar o poder, mas deixo de freqüentar a igreja, abandono a fé ou me torno um problema para a igreja quando me deixam longe dos holofotes, dos palcos e dos púlpitos.
Sou eu esse cara de pau, irmão! Sou eu que arroto santidade diante da igreja, cobro santidade dos outros, mas minhas atitudes no mundo são vergonhosas: sou um mundano compulsivo, um adúltero indomável, um imoral insaciável, além de um cínico sem pudor.
Eu sou um senhor cara de pau, irmão, porque prego, ensino e cobro comunhão e amor aos irmãos, quando na verdade meus surtos de ira não medem conseqüências para expulsar pessoas da igreja. A quantos expulsei, a quantos destruí, a quantos anulei. Todo mundo já fez as contas, menos eu. Eu sou um senhor cara de pau, irmão.
Mas que cara de pau sou eu, irmão! No louvor, eu reviro os olhos, tenho surtos histéricos, encho-me de uma tal autoridade para escovar os corações dos meu irmãos, mas estou com minha alma cheia de carunchos, de nódoas, de manchas, de fungos, de resíduos de uma vida de hipocrisia e acúmulo de pecados não confessados na presença de Deus. Mas que cara de pau sou eu!
Óh! Mas quanta cara de pau, ao representar uma espiritualidade que não tenho. Sou um ator perfeito no palco da santidade de Deus.
Meu Deus! Que tremendo cara de pau sou eu, que admito e concordo com a submissão às autoridades da igreja, mas não posso ter meus interesses ameaçados que já me transformo num tremendo alvoroçador de ânimos, em um causador de rebeliões, um maldizente dos meus líderes, dos meus pastores.
Santa cara de pau, a minha! Eu sou um deboche da fé cristã. Sou um monte de entulhos da maldita carnalidade. Sou uma pretensa celebridade do universo religioso, um ser que sobrevive miseravelmente de bajulações, aplausos, elogios e fatias de privilégios. Muita gente sabe disso e alimenta meu ego insano com palavras, gestos e jeitinhos.
Eu, um tremendo cara de pau, sou um truque, um estelionato, uma grande mentira, um ato fascinante e arrebatador da peça macabra, escrita no inferno, que, por descuido de quem vigia a igreja, está arrancando aplausos da plateia que se esqueceu da Bíblia, que se empolgou com carismas humanos, que deixou de ter fé para ser fã, que se encanta com os efeitos especiais da apostasia e com todas as performances de carnalidade.
Eu sou sujeito-autor da deformação espiritual de muitas vidas que estão sendo submetidas a um perverso discipulado. Minha influência é digna de prêmios, afinal, ser cara de pau é compensador enquanto o juízo divino não se manifesta, enquanto Deus não arranca minha máscara e mostra meu rosto desfigurado, deformado e infeliz.
Minha cara de pau tem o gosto amargo do cedro, mas o verniz da hipocrisia a torna doce e encantadora aos olhos de quem me vê. Além do mais, é uma obra de arte, inspirada nas formas e traços mais fascinantes que uma espiritualidade de aparências pode produzir.
Desgraçado cara de pau sou eu, que apodreço nestas certezas forjadas, nestas ilusões perversas, no engano que me dominou.

sábado, 2 de abril de 2011

JESUS ADRIAN ROMERO CANTA "SUMERGEME"

Esta canção arrebenta com meu coração. Espero que ela diga algo a você também. Afetuosamente,  ABIMAEL CANTO MELO

quinta-feira, 31 de março de 2011

Maquiagens e Lixo


Muitos sorrisos eufóricos, artificiais, forçados, estão por aí, maquiando rugas e manchas de espíritos vazios da alegria do viver; de emoções enfermas, violentadas por culpas, amarguras, experiências traumáticas, solidão...Maquiando as manchas e as rugas de vidas infelizes.
Muito luxo estético encobrindo o lixo emocional e espiritual que se acumula devido ao auto-abandono, ao excesso de entretenimento e à carência de virtudes.
Um dia as lágrimas vão borrar toda essa maquiagem! Um dia esse lixão vai explodir!
Alguém precisará estar lúcido e pronto para cuidar dessa gente infeliz e apontar-lhes o Caminho de uma vida que ofereça felicidade entre lágrimas e risos.

Daí, precisam conhecer JESUS.

Com carinho e afeto, escrevi.
                                                                   Abimael Canto Melo

quinta-feira, 10 de março de 2011

INSIGHT PROVERBIAL 02


Ambientes sombrios nem sempre são lugares confortáveis e seguros; podem ser o disfarce de uma terrível e iminente ameaça.

(Abimael Canto Melo)

COMENTÁRIO: Devemos ter muito cuidado para não sermos afetados pelo fascínio das aparências. Propostas vantajosas, lucro fácil, prazer sem limites... Cuidado! 

INSIGHT PROVERBIAL 01

Quem namora com o perigo acabará, inevitavelmente, casando-se com a desgraça.

(Abimael Canto Melo)

Comentário: Situações e pessoas perigosas exercem sobre nós um fascínio inexplicável. Elas sempre vêm travestidas com propostas de prazer e de felicidade, mas quem já foi até o fim dessa experiência sabe o quanto ela é amarga e dolorosa.
É bom manter sempre uma distância segura de situações e pessoas que podem causar danos à nossa integridade física, emocional, moral e espiritual. Muitos desses danos deixam marcas muito profundas em nosso ser.
Viver pode até ser perigoso, mas isso não nos dá licença para nos entregarmos irresponsável e inconsequentemente à desgraça.

  

domingo, 6 de fevereiro de 2011

EVOLUCIONISMO: UMA TEORIA MUITO CRIATIVA


Organizador: Abimael Canto Melo


O texto a seguir é uma compilação de textos existentes em livros que tratam sobre sobre este assunto. Eles estão relacionados no final.

A teoria de Darwin pressupõe que substâncias químicas inanimadas, se dispuserem de quantidade certa de tempo e circunstâncias, podem transformar-se por si mesmas em matéria viva. Inegavelmente, essa concepção tem encontrado ampla aceitação popular ao longo dos anos. Mas existiriam dados científicos para sustentar essa convicção?
Darwin propôs que a vida na terra surgiu a partir de substâncias químicas que reagiram em uma pequena lagoa aquecida, com a presença de todos os tipos de amônia, metano, hidrogênio, luz, calor, formando assim o caldo original da vida.

FUNDAMENTO ARENOSO

Em 1924, o bioquímico Alexander Oparin propôs que as combinações moleculares complexas e as funções da matéria viva evoluíram a partir de moléculas mais simples que pré-existiam na terra original. Em 1928, o biólogo inglês J. B. S. Haldane teorizou que a luz ultravioleta, atuando na atmosfera primitiva da terra, fez com que os açúcares e os aminoácidos se concentrassem nos oceanos, e a vida então emergiu finalmente desse caldo original. Mais tarde, o Dr. Stanley Miller, na Universidade de Chicago, decidiu fazer um experimento com essa teoria. Ele recriou, em laboratório, a atmosfera primitiva da terra e nela descarregou eletricidade para simular os efeitos dos relâmpagos. Em pouco tempo ele descobriu que haviam sido criados aminoácidos – os elementos básicos da vida.
No entanto, tanto Alexander Oparin quanto Stanley Miller não tinham nenhuma prova concreta de que a antiga atmosfera da terra era composta de amônia, metano e hidrogênio, elementos utilizados no experimento de Miller. Oparin era inteligente o suficiente para saber que se começasse com gases inertes como o nitrogênio e o dióxido de carbono, eles não reagiriam.
A descoberta demolidora veio a partir de 1980. Os cientistas da NASA demonstraram que a terra primitiva nunca teve metano, amônia ou hidrogênio em quantidade consideráveis para a formação dos elementos básicos da vida (os aminoácidos). Ao contrário, a terra era composta de água, dióxido de carbono e nitrogênio, e com essa mistura não se obtém os mesmos resultados do experimento de Miller. As experiências recentes confirmaram isso, demonstrando que o valor científico do experimento de Miller é zero (BRADLEY, Walter L. in STROBEL, Lee: 2002, pp. 130-132).

DIFICULDADES PARA O SURGIMENTO DA VIDA

O físico e escritor Adauto Lourenço, mestre em física pela Clemson University, escreve em seu livro intitulado Como Tudo Começou: “Miller desenvolveu a sua pesquisa a partir de um resultado esperado (aminoácidos). Ele utilizou gás metano como fonte de carbono, ao invés de dióxido de carbono. A razão é que o dióxido de carbono possui uma ligação resistente (ligação oxidada), que para reagir necessita de uma grande quantidade de energia, o que também não permitiria que houvesse carbono disponível para a construção das moléculas complexas necessárias para o surgimento da vida” (p. 108).

OUTROS PROBLEMAS CRUCIAIS PARA A CONSISTÊNCIA DA TEORIA EVOLUCIONISTA

Lourenço prossegue na sua crítica: “As proteínas são longas cadeias de aminoácidos conhecidas como polipeptídeos. Elas atuam no metabolismo das células. Essas cadeias são formadas através do processo de condensação. Segundo a interpretação da experiência de Miller, a formação de aminoácidos seria evidência do surgimento espontâneo da vida, pois as longas cadeias de aminoácidos (polipeptídeos), que dariam origem às proteínas e subseqüentemente ao RNA e DNA, precisariam apenas de tempo e acaso.
Contudo, dois problemas cruciais estão relacionados com esta interpretação [...] O primeiro, se refere ao equilíbrio químico da reação na formação de peptídeos (agrupamento de aminoácidos). As reações químicas possuem uma direção preferencial, ou seja, uma tendência natural para que elas ocorram. Uma direção seria a de dois aminoácidos se recombinando, produzindo assim um dipeptídeo. Esta reação química é conhecida como reação de condensação, a qual poderia ser uma explicação de como as proteínas teriam surgido. A outra direção possível desta reação seria a do dipeptídeo se desfazendo em dois aminoácidos através da reação conhecida por hidrólise. Esta seria contrária à proposta do aparecimento espontâneo das proteínas.
A direção preferencial (natural) da reação química envolvendo os peptídeos é o segundo problema. Peptídeos espontaneamente se desfazem em aminoácidos, e não o contrário (a combinação de aminoácidos formando peptídeos), como tem sido proposto pela teoria naturalista. Também é importante salientar que desde Miller até hoje muitos outros experimentos já foram realizados tentando demonstrar que a proposta naturalista possui uma base científica empírica. O resultado de todo este esforço mostra algo contrário ao que se pensa.
[...]
O segundo problema diz respeito à impossibilidade de formação de proteínas em uma situação específica. Aminoácidos na presença de oxigênio não se recombinam para a formação de proteínas. Sem proteínas não seria possível a formação de moléculas complexas necessárias à vida, como o RNS e o DNA. Usando a própria escala da datação evolucionista, conclui-se que a biosfera primitiva da terra já possuía oxigênio há mais de 300 milhões de anos antes de os primeiros fósseis de bactéria serem formados. Óxido de ferro foi encontrado em camadas horizontais contínuas com mais de centenas de quilômetros. Oxigênio impede a formação de proteínas.
[...]
Geralmente, esses pontos e suas implicações não são abordados na literatura evolucionista. Admite-se que a vida apareceu de forma espontânea. No entanto, empiricamente, não há evidências.” (pp. 108-110.

Os livros escolares deveriam ser honestos com os alunos sobre isso. Mas infelizmente, a ditadura do materialismo científico censura qualquer tentativa de esclarecer os estudantes sobre as fragilidades da teoria evolucionista.
Em anos recentes, cada vez mais biólogos, bioquímicos e outros pesquisadores – não somente cristãos – têm levantado sérias objeções à teoria da evolução, asseverando que as suas amplas conclusões às vezes estão baseadas em dados frágeis, incompletos ou defeituosos. O que à primeira vista parece uma prova científica acabada a favor da evolução começa a se desfazer mediante um exame mais detido. Novas descobertas feitas nos últimos trinta anos têm levado um número cada vez maior de cientistas a contradizer Darwin, concluindo que houve um Planejador Inteligente por trás da criação e do surgimento da vida.

Leia agora as declarações de renomados cientistas que discutem com autoridade essa questão.

“[A teoria da evolução] ainda é, como era na época de Darwin, uma hipótese altamente especulativa inteiramente desprovida de apoio factual direto e muito distante do axioma autocomprobatório no qual alguns de seus defensores mais agressivos gostariam que acreditássemos” (Dr. Michael Denton – Biólogo Molecular in Evolution: a theory in crisis – p. 77)

“Toda vez que escrevo um trabalho sobre a origem da vida, juro que nunca mais escreverei outro, porque existe um excesso de especulação correndo atrás de muito poucos fatos” (Dr. Francis Crick – Cientista Evolucionista in Life itself – p. 153)

“Mais de trinta anos de experiências sobre a origem da vida nos campos da evolução química e molecular levaram a uma melhor percepção da imensidão do problema da origem da vida na terra, em vez de solução. Presentemente, todas as discussões sobre teorias e experimentos de princípios nessa área terminam em impasse ou em uma confissão de ignorância” (Dr. Klaus Dose – Bioquímico evolucionista, considerado um dos maiores especialistas na área in The origin of life: more questions than answer, Interdisciplinary Science Review 13, p. 348).

“Uma questão ainda continua, a saber, a origem da informação biológica, isto é, a informação que existe em nossos genes hoje [...] A formação espontânea de nucleotídeos simples ou mesmo polinucleotídeos que deveria acontecer numa terra pré-biótica, precisa agora ser considerada como uma situação improvável, à luz dos muitos experimentos sem nenhum sucesso [...] Pela primeira vez um grande número de cientistas determinou, de maneira inequívoca, o seguinte: Não possuem nenhum embasamento empírico as teses evolucionistas que afirmam que os sistemas vivos desenvolveram-se a partir de polinucleotídeos, que se originaram espontaneamente” (Dr. Klaus Dose – falando sobre a conclusão da 7ª Conferência Internacional Sobre a Origem da Vida, em Mainz/Alemanha, em julho de 1983 – in Die Ursprünger des Lebens, Tagungsberich úber den ISSOL, p. 968-69)

“Os autores acreditam, e eu agora concordo, que existe um defeito fundamental em todas as atuais teorias das origens químicas da vida” (depoimento do Dr. Dean Kenyon – Biólogo evolucionista – na contracapa do livro de Charles B. Thaxton e Walter L. Bradley, intitulado The mystery of life´s origin – Dallas, Texas: Lewis and Stanley, 1984)

“A coisa mais assombrosa para mim é a própria existência. Como é que a matéria inanimada pode organizar-se para meditar em si mesma?” (Dr. Allan Sandage – Cosmólogo – in Science and religion: bridging the great divide – The New York Times, 30/06/1998)

“Muitas pessoas, inclusive muitos cientistas importantes e respeitados, simplesmente não querem que exista algo além da natureza” (Dr. Michael Behe – Bioquímico – in Darwin´s black box, p. 232)

“A evolução é um conto de fadas para adultos” (Dr. Lewis Bounoure – cientista evolucionista, diretor da Pesquisa Científica na França – apud Darwin´s leap of faith, p. 11)

PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO

Isto é só um aperitivo das contestações ao evolucionismo. Se você quiser saber mais, adquira os seguintes livros, de onde foram compilados os textos acima:

STROBEL, Lee. Em defesa da fé. São Paulo: Editora Vida, 2002.

LOURENÇO, Adauto. Como tudo começou – uma introdução ao criacionismo. São José dos Campos/SP: Editora Fiel, 2007.

LUTZER, Erwin. Sete razões para confiar na Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 2001.

BEHE, Michael. A caixa preta de Darwin. São Paulo: Zahar Editora.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A CIÊNCIA ATRAPALHA A FÉ?

Dr. James Tour


O texto abaixo é um testemunho do Dr. James Tour, cientista infinitesimal do mundo molecular, professor do Depto de Química e do Centro de Ciência e Tecnologia em Escala Infinitesimal da Universidade de Rice – EUA, descrevendo algo que ele descobriu quando sondava as impressionantes maravilhas moleculares: as impressões digitais de um Planejador Inteligente.

“Construo moléculas como meio de vida. Mal posso lhes dizer como esse trabalho é difícil. Fico extasiado com Deus em virtude do que ele tem feito por meio de sua criação. Somente um principiante que nada sabe sobre ciência diria que a ciência prejudica a fé. Se você realmente estudar a ciência, ela o levará para mais perto de Deus” (Fonte: STROBEL, Lee. Em defesa da fé. São Paulo: Editora Vida, 2002, p. 153).

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O ABSURDO DA VIDA SEM DEUS


Extraído do site: http://www.apologia.com.br/?p=12
Autor deste texto: Dr. William Lane Craig

O ser humano, escreve Loren Eisley, é o órfão cósmico. Ele é a única criatura no universo que pergunta: “Por quê?” Os outros animais têm instintos para guiá-los, mas o ser humano aprendeu a fazer perguntas.

“Quem sou eu”, pergunta o ser humano. “Por que estou aqui? Para onde estou indo?” Desde o iluminismo, quando se desvencilhou das amarras da religião, o ser humano tentou responder a essas perguntas sem fazer referência a Deus. Só que as respostas que vieram não foram alegres, mas escuras e terríveis. “Você é o subproduto acidental da natureza, um resultado de matéria mais tempo mais mudança. Não há razão para a sua existência. A morte é tudo o que você tem pela frente.”

O homem moderno pensou que, depois que se livrou de Deus, tinha ficado livre de tudo o que o reprimia e sufocava. Em vez disso, descobriu que, ao matar Deus, matara também a si próprio. Isso porque, se não há Deus, a vida humana é um absurdo.

Se Deus não existe, tanto o ser humano quanto o universo estão inevitavelmente condenados à morte. O ser humano, como todos os organismos biológicos tem de morrer. Sem esperança de imortalidade, sua vida apenas caminha para o túmulo. Sua vida não passa de uma faísca na escuridão infinita, uma fagulha que aparece, reluz e morre para sempre. Comparada com a extensão infinita do tempo, a duração da vida do ser humano é apenas um momento infinitesimal; mesmo assim, isso é tudo da vida que ele jamais conhecerá. Por isso, cada um tem de defrontar-se com o que o teólogo Paul Tilich chamou de “a ameaça de não ser”. Pois apesar de eu saber que existo, que estou vivo, também sei que algum dia não existirei mais, que não serei mais, que morrerei. Esse pensamento é assustador e ameaçador: pensar que a pessoa que chamo de “eu” deixará de existir, que eu não serei mais!

Recordo perfeitamente a primeira vez que meu pai me disse que um dia eu haveria de morrer. De algum modo, quando criança esse pensamento nunca me havia ocorrido. Quando ele o disse, fiquei cheio de temor e de tristeza insuportável. E apesar de ele tentar várias vezes garantir-me que isso ainda estava muito distante, isso não me parecia importar. Mais cedo ou mais tarde, o fato inegável era que eu morreria e não existiria mais, e esse pensamento tomou conta de mim. Depois de algum tempo, como todos nós, cresci e simplesmente aceitei o fato. Aprendemos a conviver com o que é inevitável. Mas as impressões da crianças continuam verdadeiras. Como observou o existencialista francês Jean-Paul Sartre, algumas horas ou alguns anos não fazem diferença, uma vez que você perdeu a eternidade.

Venha cedo ou tarde, a perspectiva de morte e a ameaça de não ser é um horror terrível. Contudo, certa vez encontrei um estudante que não sentia essa ameaça. Ele disse que fora criado numa fazenda e estava acostumado a ver os animais nascer e morrer. A morte para ele era simplesmente natural – parte da vida, por assim dizer. Fiquei perplexo com nossas diferentes perspectivas da morte e tive dificuldades para compreender por que ele não sentia a ameaça de não ser. Anos mais tarde, creio que encontrei a resposta lendo Sartre. Ele observou que a morte não é ameaçadora enquanto a vemos como a morte do outro, de certo modo da perspectiva da terceira pessoa. É somente quando a interiorizamos e olhamos do ponto de vista de primeira pessoa – “minha morte; eu vou morrer” – que a ameaça de não ser se torna real. Sartre mostra que muitas pessoas nunca assumem essa perspectiva de primeira pessoa em meio à vida; pode-se até olhar para a própria morte da perspectiva da terceira pessoa, como se fosse a morte de outro ou até de um animal, como fez o meu amigo estudante. O significado existencial verdadeiro da minha morte, contudo, só pode ser entendido do ponto de vista de primeira pessoa, quando compreendo que vou morrer e deixar de existir para sempre. Minha vida é apenas uma transição momentânea entre um esquecimento e outro.

O universo também encara a morte. Os cientistas nos dizem que o universo está em expansão, e que tudo que há nele está ficando cada vez mais distante. Com isso ele fica cada vez mais frio, e sua energia vai se gastando. Um dia todas as estrelas perderão seu calor e toda matéria se tornará em estrelas mortas e buracos negros. Não haverá mais luz, não haverá mais calor, não haverá mais vida, apenas estrelas e galáxias mortas, sempre se expandindo em trevas sem fim e extremidades frias do espaço – um universo em ruínas. Todo o universo se encaminha de modo irreversível para o túmulo. Assim, não só a vida de cada pessoa está condenada; toda a raça humana está condenada. O universo está se precipitando em direção à extinção inevitável – a morte está encravada em toda a sua estrutura. Não há escapatória. Não há esperança.

O ABSURDO DA VIDA SEM DEUS E SEM IMORTALIDADE
Se não há Deus, o ser humano e o universo estão condenados. Como prisioneiros condenados à morte, esperamos nossa execução inevitável. Não há Deus, e não há imortalidade. E qual a conseqüência disso? Significa que a própria vida é um absurdo. Significa que a vida que temos não tem sentido fundamental, valor ou propósito. Vejamos esses três conceitos mais de perto.

Não há sentido fundamental sem imortalidade e sem Deus
Se cada pessoa deixa de existir quando morre, que sentido fundamental pode ser dado à sua vida? Realmente faz diferença se ela existiu? Pode ser dito que sua vida foi importante porque influenciou outros ou afetou o curso da história. Mas isso mostra apenas um significado relativo da sua vida, não um sentido fundamental. Sua vida pode ter importância relativa a certos acontecimentos, mas qual é o sentido fundamental desses acontecimentos? Se todos os acontecimentos não têm sentido, então que sentido fundamental pode haver em influenciá-los? No final das contas, não faz diferença.

Olhe para isso de outro ponto de vista: os cientistas dizem que o universo se originou de uma explosão que chamam de “Big Bang”, há mais ou menos 15 bilhões de anos. Imagine que o “Big Bang” nunca tenha ocorrido. Imagine que o universo nunca tenha existido. Que diferença fundamental isso faria? O universo está mesmo fadado a morrer. No fim, não faz diferença se ele realmente existiu ou não. Por isso ele não tem sentido fundamental.

O mesmo vale para a raça humana. A humanidade está condenada em um universo moribundo. Uma vez que um dia deixará de existir, não faz diferença fundamental se ela alguma vez existiu. A humanidade, assim, não tem mais importância do que um enxame de mosquitos ou uma vara de porcos, pois seu fim é idêntico. O mesmo processo cósmico cego que a vomitou no início um dia acabará por engoli-la.

O mesmo se aplica a cada pessoa. As contribuições dos cientistas para o avanço do conhecimento humano, as pesquisas dos médicos para aliviar dor e sofrimento, os esforços dos diplomatas para promover a paz no mundo, os sacrifícios de pessoas boas para melhorar a sorte da raça humana – tudo isso não dá em nada. No fim, não farão nenhuma diferença, nem um pouquinho. A vida de cada pessoa, portanto, não tem sentido fundamental. E se, no final das contas, nossa vida não tem sentido, as atividades com que a preenchemos também não têm sentido. As longas horas gastas em estudo na universidade, os empregos, os interesses, as amizades – tudo isso é, em última análise, totalmente sem sentido. É isto que apavora o homem moderno: já que ele acaba em nada, ele é nada.

Contudo, é importante perceber que o ser humano não precisa apenas de imortalidade para que sua vida faça sentido. A mera continuação da existência não dá sentido a essa existência. Se o ser humano e o universo pudessem existir para sempre, mas não houvesse Deus, sua existência ainda não teria sentido fundamental. Certa vez li uma história de ficção científica em que um astronauta foi abandonado em uma rocha deserta perdida no espaço sideral. Ele levava consigo dois frascos, um contendo veneno e outro, uma poção que o faria viver para sempre. Compreendendo seu predicamento, ele engoliu o veneno. Mas então, para seu horror, descobriu que abrira o frasco errado – bebera a poção da imortalidade. E isso significava que ele estava condenado a existir para sempre – numa vida sem sentido e sem fim. Muito bem; se Deus não existe, nossa vida é como a desse astronauta. Ela pode durar para sempre, e mesmo assim não ter sentido. Ainda poderíamos perguntar à vida: “E daí?” Portanto, o ser humano não precisa apenas de imortalidade para que sua vida tenha sentido fundamental; ele necessita de Deus e de imortalidade. E se Deus não existe, ele não tem nenhum dos dois.

O homem do século vinte veio a compreender isso. Leia Á espera de Godot, de Samuel Beckett. Durante toda essa peça, dois homens estão ocupados numa conversa trivial, enquanto esperam um terceiro que nunca aparece. Nossa vida é assim, Beckett está dizendo: simplesmente matamos o tempo esperando – o quê, não sabemos. Num trágico retrato do ser humano, Beckett escreveu outra peça em que a cortina se abre para mostrar o palco cheio de lixo. Por trinta longo segundos, a platéia olha atônita, em silêncio, para aquele lixo. Então a cortina se fecha. Isso é tudo.

Um dos romances mais devastadores que já li foi O lobo da estepe, de Hermann Hesse. No fim do romance, Harry Haller fica olhando para si mesmo em um espelho. No curso da sua vida ele experimentara tudo o que o mundo oferece. E agora está olhando para si mesmo, e resmunga: “Ah, o sabor amargo da vida!” Ele cospe em si mesmo no espelho e, depois o estilhaça com chutes. Sua vida foi fútil e sem sentido.

Os existencialistas franceses Jean-Paul Sartre e Albert Camus também compreenderam isso. Sartre retratou a vida em sua peça Sem saída como o inferno – a última linha da peça são as palavras resignadas: “Bem, continuemos com isso”. Por isso Sartre escreve em outro texto sobre a “náusea” da existência. Camus também considerava a vida absurda. No fim do seu curto romance O estranho, o herói de Camus descobre num lampejo de compreensão que o universo não tem sentido e que não existe um Deus que lhe dê sentido. O bioquímico francês Jacques Monod pareceu refletir os mesmos sentimentos quando escreveu em sua obra Acaso e necessidade: “O ser humano finalmente sabe que está sozinho na imensidão indiferente do universo”.

Portanto, se Deus não existe, a própria vida se torna sem sentido. O ser humano e o universo não têm sentido fundamental.

Não há valor fundamental sem imortalidade e sem Deus
Se a vida termina no túmulo, não faz diferença se nossa vida foi como a de Stalin ou a de um santo. Se nosso destino, no fim das contas, não tem relação com nossa conduta, cada um pode viver como quiser. Como Dostoyevsky disse: “Se não há imortalidade, todas as coisas são permitidas”. Com base nisso, um escritor como Ayn Rand está totalmente correto em louvar as virtudes do egoísmo. Viva totalmente para si; você não deve satisfações a ninguém! Na verdade, seria tolice viver de qualquer outra forma, porque a vida é curta demais para desperdiçá-la agindo de outra forma a não ser em interesse próprio. Sacrificar-se por outra pessoa seria burrice. Kai Nielsen, filósofo ateu que tenta defender a viabilidade da ética sem Deus, no fim admite:

Não fomos capazes de mostrar que a razão requer o ponto de vista moral, ou que todas as pessoas realmente racionais, não predispostas por mitos ou ideologias, precisam ser indivíduos egoístas ou amoralistas clássico. Não é a razão que decide aqui. O quadro que pintei para você não é bonito. A reflexão sobre ele me deprime [...] A pura razão prática, mesmo com um bom conhecimento dos fatos, não o levará à moralidade.[1]

O problema, porém, torna-se ainda pior. Porque, apesar da imortalidade, se não há Deus, não pode haver padrões objetivos do que é certo e errado. Tudo o que está diante de nós, nas palavras de Jean-Paul Sartre, é o fato nu e sem valor da existência. Os valores morais são simples expressões de gosto pessoal ou subprodutos da evolução e do condicionamento sócio-biológico.

Nas palavras de um filósofo humanista: “Os princípios morais que regem nossa conduta estão arraigados em hábitos e costumes, sentimentos e modas” [2] Num mundo sem Deus, quem dirá quais valores são corretos e quais são errados? Quem julgará que os valores de Adolf Hitler são inferiores aos de um santo? O conceito de moralidade perde todo o sentido num universo sem Deus. Um ético ateu contemporâneo disse: “Afirmar que algo é errado porque [...] é proibido por Deus é [...] perfeitamente compreensível para alguém que crê em um deus legislador. Mas dizer que algo é errado [...] apesar de não existir um deus que o proíba não é compreensível [...] O conceito de obrigação moral [é] incompreensível sem a idéia de Deus. As palavras permanecem mas seu sentido se foi.” [3] Em um mundo sem Deus, não pode haver certo e errado objetivos, somente nossos juízos subjetivos, cultural e pessoalmente relativos. Isso significa que é impossível condenar guerra, opressão ou crime como maus. Também não podemos louvar fraternidade, igualdade e amor como bons. Porque em um universo sem Deus, bem e mal não existem – existe apenas o fato nu e sem valor da existência, e não há ninguém para dizer que você está certo e eu errado.

Não há propósito fundamental sem imortalidade e sem Deus
Se a morte nos espera de braços abertos no fim do curso da nossa vida, qual é o objetivo da vida? Com que fim ela foi vivida? Tudo foi a troco de nada? Não há razão para a vida? E o que dizer do universo? Ele é completamente sem razão? Se seu destino é um túmulo frio nas extremidades do espaço sideral, a resposta tem de ser sim – ele não tem razão de ser. Não há alvo, não há propósito para o universo. O lixo de um universo morto simplesmente continuará a se expandir – para sempre.

E o ser humano? Será que existe algum propósito para a raça humana? Ou será que ela simplesmente desaparecerá algum dia perdida no esquecimento de um universo indiferente? O escritor inglês H. G. Wells anteviu essa perspectiva. Em seu romance A máquina do tempo, o viajante no tempo avança para

o futuro, a fim de descobrir o destino do ser humano. Tudo o que ele encontra é terra morta, com a exceção de alguns liquens e musgos, orbitando em torno de um gigantesco sol vermelho. Os únicos sons são o sopro do vento e o marulhar das ondas do oceano. “Com exceção desses sons sem vida”, escreve Wells, “o mundo estava em silêncio. Silêncio? Seria difícil descrever como tudo estava quieto. Todos os sons das pessoas, o balido das ovelhas, o canto dos pássaros, o zumbir dos insetos, o movimento que forma o pano de fundo da nossa vida – tudo havia passado”[4] E assim o viajante no tempo de Wells voltou para casa. Mas para quê? – para um mero ponto anterior na corrida em direção ao esquecimento. Quando eu, ainda nâo cristão, li o livro de Wells, pensei: “Não! Não! Não pode terminar assim!” Mas se não há Deus, o fim será esse, gostemos ou não. Esta é a realidade em um universo sem Deus: não há esperança, não há propósito. Isso me recorda os versos assustadores de T S. Eliot:

E assim que o mundo termina

E assim que o mundo termina

E assim que o mundo termina

Não com uma explosão; com um gemido.”[5]

O que se aplica à raça humana como um todo vale para cada um de nós individualmente: estamos aqui sem propósito. Se não há Deus, nossa vida não é qualitativamente diferente da de um cão. Sei que isso é duro, mas é verdade. O antigo escritor de Eclesiastes o disse assim: “O que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão” (Ec 3.19-20). Nesse livro, que se parece mais com uma peça da moderna literatura existencialista do que com um livro da Bíblia, o escritor mostra a futilidade de prazer, riqueza, educação, fama política e honra em uma vida fadada a terminar na morte. Qual é seu veredicto? “Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade” (Ec 1.2). Se a vida termina no túmulo, não temos um propósito fundamental para viver.

Mais que isso: mesmo se tudo não terminasse na morte, sem Deus a vida ainda seria sem propósito. O ser humano e o universo seriam simples acidentes do acaso, jogados na existência sem motivo. Sem Deus o universo é resultado de um acidente cósmico, uma explosão aleatória. Não há motivo pelo qual ele exista. Quanto ao ser humano, ele é um capricho da natureza – um produto às cegas de matéria mais tempo mais acaso. O ser humano não passa de uma massa gosmenta que evoluiu até a racionalidade. Não há mais propósito na vida para a raça humana do que para uma espécie de inseto; ambos são resultado da interação cega de acaso e necessidade. Um filósofo o disse assim: “A vida humana está posta sobre um pedestal subumano e tem de lutar sozìnha no centro de um universo silencioso e sem razão”[6]

O que vale para universo e a raça humana também se aplica a nós como indivíduos. Enquanto seres humanos individuais, somos o resultado de certas combinações de hereditariedade e ambiente. Somos vítimas de um tipo de roleta genética e ambiental. Os psicólogos que seguem Sigmund Freud nos dizem que nossas ações são resultados de várias tendências sexuais reprimidas. Os sociólogos que seguem B. E Skinner argumentam que todas as nossas escolhas são determinadas pelo condicionamento, de modo que a liberdade é uma ilusão. Biólogos como Francis Crick consideram o ser humano uma máquina eletroquímica que pode ser controlada alterando-se seu código genético. Se Deus não existe, você não passa de um aborto da natureza, jogado num universo sem propósito para levar uma vida sem propósito.

Portanto, se Deus não existe, isso significa que o ser humano e o universo existem sem nenhum propósito -já que o fim de tudo é a morte – e que vieram a existir sem nenhum propósito, já que são produtos cegos do acaso. Em resumo, a vida é totalmente sem razão.

Você consegue entender a gravidade das alternativas à nossa frente? Se Deus existe, há esperança para

o ser humano. Mas se Deus não existe, tudo o que nos resta é o desespero. Você compreende por que a pergunta da existência de Deus é tão vital para o ser humano? Como um escritor expressou muito bem: “Se Deus está morto, o ser humano também está”.

Infelizmente, a massa da humanidade não percebe esse fato. Ela continua a viver como se nada tivesse mudado. Recordo-me da história de Nietzsche sobre o louco que, nas primeiras horas da manhã, corre pelo mercado com um lampião na mão, exclamando: “Procuro Deus! Procuro Deus!” Como muitos à sua volta não crêem em Deus, ele provoca muitos risos. “Deus se perdeu?”, zombam dele. “Ou se escondeu? Ou foi viajar ou emigrou!” E riem alto. Então, escreve Nietzsche, o louco pára no meio deles e crava-lhes o olhar:

“Onde está Deus?”, ele grita. “Eu lhes direi. Nós o matamos - vocês e eu. Todos nós somos seus assassinos. E como fizemos isso? Como pudemos beber o mar? Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte? O que fizemos quando desamarramos esta terra do seu sol? Para onde ela está se movendo agora? Para longe de todos os sóis? Não estamos caindo sem parar? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções? Restou alguma coisa em cima ou embaixo? Não estamos vagando como que por um nada infinito? Não estamos sentindo a respiração do espaço vazio? Não ficou mais frio? Não está chegando cada vez mais a noite? Não estamos tendo de acender lampiões de manhã? Não ouvimos apenas o barulho dos coveiros que estão sepultando a Deus? ([...]Deus está morto [...]. E nós o matamos. Como nós, os maiores de todos os assassinos, iremos consolar a nós mesmos?”[7]

A multidão ficou fitando o louco em silêncio e perplexidade. Por fim, ele coloca o lampião no chão e disse: “Cheguei muito cedo, esse acontecimento incrível ainda está a caminho – ainda não atingiu os ouvidos do ser humano”. O ser humano ainda não compreendera realmente as conseqüências do que fizera ao matar a Deus. Mas Nietzsche predisse que um dia as pessoas entenderiam as implicações do seu ateísmo; e essa percepção daria início a uma era de niilismo – a destruição de todo significado e valor da vida. O fim do cristianismo, escreveu Nietzsche, significa o advento do niilismo. Esse mais terrível de todos os hóspedes já está à porta. “Toda a nossa cultura européia está há algum tempo em movimento”, escreveu Nietzsche, “numa tensão torturante que está crescendo a cada década, como na iminência de uma catástrofe: sem descanso, com violência, precipitado, como um rio que quer chegar ao fim, que não reflete mais, que tem medo de refletir”[8].

A maioria das pessoas ainda não reflete sobre as conseqüências do ateísmo, e assim, como a multidão no mercado, continua seu caminho sem saber. Mas quando entendemos, como Nietzsche, o que o ateísmo implica, essa pergunta fará grande pressão sobre nós: como nós, os maiores assassinos, consolaremos a nós mesmos?

A IMPOSSIBILIDADE PRÁTICA DO ATEÍSMO
Quase a única solução que um ateu pode oferecer é que enfrentemos o absurdo da vida e vivamos com coragem. Bertrand Russell, por exemplo, escreveu que temos de construir nossa vida sobre “o firme fundamento do desespero incessante”[9]. Somente reconhecendo que o mundo é realmente um lugar terrível é que podemos lidar bem com essa vida. Camus disse que devemos reconhecer honestamente o absurdo da vida e depois viver com amor uns pelos outros.

O problema fundamental com essa solução, porém, é que é impossível viver de modo coerente e feliz com uma cosmovisão assim. Quem vive de modo coerente, não será feliz; quem vive de modo feliz, apenas o é porque não é coerente. Francis Schaeffer explicou bem esse ponto. Ele. diz que o homem moderno mora em um universo de dois andares. No andar de baixo está o mundo finito sem Deus; ali a vida é um absurdo, como vimos. No andar de cima estão sentido, valor e propósito. Muito bem, o homem moderno mora no andar de baixo porque acredita que Deus não existe. Só que não pode viver feliz num mundo absurdo; por isso, constantemente dá saltos de fé para o andar superior para afirmar sentido, valor e propósito, apesar de não ter direito a isso por não crer em Deus. O homem moderno é totalmente incoerente quando dá o seu salto, porque esses valores não existem sem Deus, e o ser humano no andar de baixo não tem Deus.

Olhemos mais uma vez, então, cada uma dessas três áreas em que vimos que a vida sem Deus é um absurdo, para mostrar como o ser humano não pode viver de modo coerente e feliz com seu ateísmo.

O sentido da vida
Primeiro, a área do sentido. Vimos que, sem Deus, a vida não _tem sentido. Todavia, os filósofos continuam vivendo como se a vida tivesse sentido. Por exemplo, Sartre argumentou, que é possível criar sentido para a vida escolhendo livremente certo curso de ação. O próprio Sartre escolheu o marxismo.

Bem, isso é de uma incoerência completa. Não há coerência em dizer que a vida é objetivamente um absurdo e depois afirmar que se pode criar sentido para a vida. Se a vida é realmente um absurdo, o ser humano está preso no andar de baixo. Tentar criar sentido na vida significa saltar para o andar superior. Mas Sartre não tem base para dar esse salto. Sem Deus, não pode haver sentido objetivo na vida. O programa de Sartre é na verdade um exercício de auto-engano. O universo na verdade não adquire sentido só porque eu lhe atribuo algum sentido. Isso é fácil de ver: imagine que eu dou um sentido ao universo e você lhe dá outro. Quem tem razão? A resposta, claro, é nenhum dos dois. O universo sem Deus permanece sem sentido em termos obietivos, não importa como nós o consideremos. Sartre na verdade está dizendo: “Vamos fazer de conta que o universo tem sentido”. E isso equivale a enganar a si mesmo.

A questão é esta: se Deus não existe, a vida, em termos objetivos, não tem sentido; acontece que o ser humano não pode viver de modo coerente e feliz sabendo que a vida não tem sentido; assim, com o propósito de ser feliz, ele finge que a vida tem sentido. Isso, claro, é uma incoerência a toda prova pois, sem Deus, o ser humano e o universo não têm nenhum sentido real.

O valor da vida
Agora volte-se para o problema do valor. É aqui que ocorrem as incoerências mais flagrantes. Em primeiro lugar, os humanistas ateus são totalmente incoerentes ao afirmar os valores tradicionais de amor e fraternidade. Camus foi criticado com razão por defender de modo incoerente o absurdo da vida ao lado da ética do amor e da fraternidade humana. Esses dois elementos são logicamente incompatíveis. Bertrand Russell também foi incoerente. Apesar de ateu, era um destacado crítico social e denunciava a guerra e as restrições à liberdade sexual. Russell admitiu que não podia viver como se os valores éticos fossem uma simples questão de gosto pessoal, e que por isso não considerava suas próprias posições passíveis de se crer. “Não sei a solução”, confessou[10]. A questão é que, se não há Deus, não podem existir certo e errado objetivos. Como disse Dostoyevsky: “Todas as coisas são permitidas”.

Dostoyevsky, porém, também mostrou que o ser humano não pode viver dessa maneira. Ele não pode viver como se não houvesse problema algum no fato de soldados massacrarem crianças inocentes. Ele não pode viver como se não houvesse problema algum nos regimes ditatoriais que adotam um programa sistemático de tortura física de prisioneiros políticos. Ele não pode viver como se estivesse tudo bem com ditadores como Pol Pot, que exterminam milhões dos seus próprios compatriotas. Todo

o seu ser grita para dizer que esses atos são errados – realmente errados. Mas se não há Deus, ele não pode fazer isso. Então, ele dá um salto de fé e afirma esses valores mesmo assim. E ao fazê-lo, revela a inadequação de um mundo sem Deus.

O horror de um mundo sem valores ficou claro para mim, e com muito mais intensidade, há alguns anos quando assisti a um documentário da BBC na televisão chamado “A reunião”. Era sobre sobreviventes do Holocausto que se encontraram em Jerusalém, onde redescobriram amizades perdidas e compartilharam suas experiências. Bem, eu já havia ouvido histórias do Holocausto e até visitara Dachau e Buchenwald, e pensava que não me chocaria com mais histórias de horror. Mas descobri que estava enganado. Talvez eu estivesse mais sensível por causa do nascimento recente da nossa linda filha, transferindo-lhe as situações relatadas na televisão. Seja como for, uma prisioneira, enfermeira, contou como fora transformada em ginecologista em Auschwitz. Ela observou que as mulheres grávidas eram agrupadas por soldados sob a direção do Dr. Mengele e abrigadas nos mesmos barracões. Passado algum tempo, ela notou que não via mais nenhuma daquelas mulheres. Começou então a fazer perguntas: “Onde estão as mulheres grávidas que foram colocadas naqueles barracões?” “Você não sabe?”, foi a resposta. “O Dr. Mengele as usou para vivisseção“.

Outra mulher contou como Mengele enfaixara seus seios para que não pudesse amamentar seu bebê. O médico queria saber quanto tempo um bebê podia sobreviver sem alimento. Desesperada, essa pobre mulher tentou manter seu bebê vivo dando-lhe pedaços de pão molhados no café, mas sem resultado. A cada dia ele perdia peso, fato acompanhado com precisão pelo Dr. Mengele. Então uma enfermeira veio em segredo dizer a essa mulher: “Dei um jeito de você sair daqui, mas você não pode levar seu bebê. Eu trouxe uma injeção de morfina para você pôr fim à vida dele”. Diante dos protestos da mulher, a enfermeira foi insistente: “Veja, seu bebê vai morrer de qualquer jeito. Pelo menos salve a si mesma”. E assim aquela mãe tirou a vida do seu próprio filho. O Dr. Mengele ficou furioso quando soube do fato porque perdera sua cobaia, e procurou entre os cadáveres até achar o corpo do bebê para poder pesá-lo pela última vez.

Fiquei arrasado com essas histórias. Um rabino que sobreviveu ao campo fez um bom resumo de tudo, quando disse que em Auschwitz era como se existisse um mundo em que os Dez Mandamentos haviam sido invertidos. A raça humana nunca havia testemunhado um inferno como aquele.

Mesmo assim, se Deus não existe, em certo sentido nosso mundo é um Auschwitz: não há certo nem errado absolutos; todas as coisas são permitidas. No entanto, nem o ateu nem o agnóstico podem viver de modo coerente com essa postura. O próprio Nietzsche, que proclamou a necessidade de viver “além do bem e do mal”, rompeu com seu mentor Richard Wagner exatamente por causa da questão do antisemitismo e do nacionalismo germânico estridente do compositor. De modo semelhante, Sartre, escrevendo logo depois da Segunda Guerra Mundial, condenou o anti-semitismo, declarando que uma doutrina que leva ao extermínio não é uma mera opinião ou questão de gosto pessoal, de igual valor do seu oposto[11]. Em seu importante estudo “O existencialismo é um humanismo”, Sartre luta em vão para disfarçar a contradição entre sua negação de valores divinamente pré-estabelecidos e seu desejo urgente de afirmar o valor dos seres humanos. A exemplo de Russell, ele não conseguia conviver com as implicações da sua própria negação dos absolutos éticos.

Um segundo problema é que, se Deus não existe e não há imortalidade, todos os atos maus das pessoas ficam sem punição e todos os sacrifícios das pessoas boas ficam sem recompensa. Quem pode viver com essa postura? Richard Wurmbrand, que foi torturado em prisões comunistas por sua fé, afirma:

A crueldade do ateísmo é difícil de aceitar para quem não crê na recompensa do bem ou na punição do mal. Não há razão para sermos humanos. Não há impedimento para a profundidade do mal no ser humano. Os torturadores comunistas diziam muitas vezes: “Deus não existe, não existe além, não existe punição para o mal. Podemos fazer o que quisermos”. Ouvi um torturador chegar a dizer: “Agradeço a Deus, em quem não creio, por poder viver até essa hora em que posso expressar todo o mal que há em meu coração”. Ele expressava isso com brutalidade e tortura inacreditáveis infligidas aos prisioneiros.[12]

O teólogo inglês Cardeal Newman disse certa vez que, se acreditasse que todos os males e injustiças da vida em toda a história não serão corrigidos por Deus na vida do além, “bem, acho que eu ficaria louco”. E com razão.

O mesmo se aplica a atos de auto-sacrifício. Há alguns anos ocorreu um terrível desastre aéreo durante o inverno, em que um avião que saiu de Washington, nos Estados Unidos, bateu em uma ponte sobre o rio Potomac e arremessou os passageiros na água gelada. Quando chegaram os helicópteros de resgate, a equipe de salvamento percebeu que havia um homem que ficava jogando a escada de cordas para outros passageiros, em vez de se deixar puxar para a segurança do helicóptero. Seis vezes ele jogou a escada para outros. Na sétima vez que a escada desceu, ele não estava mais lá. Dera a sua vida espontaneamente, para que outros pudessem viver. Toda a nação voltou os olhos para esse homem em respeito e admiração pelo ato de bondade e altruísmo. Mesmo assim, se o ateu tem razão no que afirma, aquele homem não fez nada de nobre – ele fez a coisa mais estúpida possível. Ele devia ter se lançado em direção à escada e até empurrado os outros, se necessário, a fim de sobreviver. Mas morrer por gente que ele nem conhecia, desistir da breve existência que ainda lhe restava – para quê? Para um ateu, não pode haver razão que justifique tal ato. Mesmo assim, o ateu, como qualquer um de nós, instintivamente reage com louvor a esse ato desinteressado do homem. De fato, provavelmente nunca encontraremos um ateu que viva em coerência com seu sistema. Pois um universo sem responsabilidade moral e sem valores é incalculavelmente terrível.

O propósito da vida
Por último, vejamos o problema do propósito na vida. As únicas duas maneiras pelas quais a maioria das pessoas que negam o propósito da vida podem viver feliz é inventando um propósito, o que equivale ao auto-engano como vimos em Sartre, ou não levando sua posição às conclusões lógicas. Observe o problema da morte como exemplo. De acordo com Ernst Bloch, a única maneira pela qual o homem moderno pode viver em face da morte é valendo-se inconscientemente da crença na imortalidade que seus antepassados tinham, mesmo sem ter ele mesmo base para essa crença, já que não crê em Deus. Bloch constata que a crença de que a vida termina em nada dificilmente é, em suas palavras, “suficiente para manter a cabeça erguida e trabalhar como se não houvesse fim”. Ao se valer dos resquícios de uma crença na imortalidade, escreve Bloch, “o homem moderno não sente o abismo que o cerca por todos os lados e com certeza acabará por tragá-lo. Com esses resquícios, ele salva seu senso de identidade própria. Por meio deles surge a impressão de que o ser humano não está perecendo, mas apenas um dia o mundo terá o capricho de não mais se mostrar a ele”. Bloch conclui: “Essa coragem bastante superficial saca de um cartâo de crédito emprestado. Ela vive de esperanças anteriores e da sustentação que elas antigamente proporcionavam”[13]. O homem moderno não tem mais o direito a tal sustentação, já que rejeita a Deus. Mas, a fim de viver com propósito, dá um salto de fé para afirmar uma razão para a vida.

Encontramos freqüentemente a mesma incoerência entre aqueles que dizem que o ser humano e o universo vieram a existir sem qualquer razão ou propósito, apenas por acaso. Incapazes de viver em um universo impessoal em que tudo é produto do acaso cego, essas pessoas começam a atribuir personalidade e motivos aos próprios processos físicos. Essa é uma maneira bizarra de falar e representa um salto do andar de baixo para o de cima. Por exemplo, os brilhantes físicos russos Zeldovich e Novikov, ao contemplar as propriedades do universo, perguntam por que a “natureza” decidiu criar esse tipo de universo e não outro. “Natureza” obviamente se tornou um tipo de substituto de Deus, preenchendo o papel e a função de Deus. Francis Crick, no meio do seu livro The origin of the genetic code, começa a escrever “natureza” com N maiúsculo, e em outras passagens diz que a seleção natural é “inteligente” e que “pensa” no que fará. Fred Hoyle, astrônomo inglês, atribui ao próprio universo as qualidades de Deus. Para Carl Sagan, o “cosmos”, que ele sempre escreve com C maiúsculo, obviamente tem o papel de um substituto de Deus. Apesar de todos esses homens professarem não crer em Deus, eles contrabandeiam um substituto de Deus pela porta dos fundos, porque não suportam viver em um universo em que tudo é resultado do acaso de forças impessoais.

E é interessante ver muitos pensadores traírem suas posições quando são empurrados em direção às suas conclusões lógicas. Por exemplo, certas feministas levantaram uma tempestade de protestos contra a psicologia freudiana porque é machista e degradante para as mulheres. Então alguns psicólogos abaixaram a cabeça e revisaram suas teorias. Acontece que isso é totalmente incoerente. Se a psicologia freudiana é realmente verdadeira, não importa se ela degrada as mulheres. Você não pode mudar a verdade porque não gosta de suas conclusões. Contudo, as pessoas não conseguem viver coerentes e felizes em um mundo onde outras pessoas são desvalorizadas. Se Deus, porém, não existe, ninguém tem valor. Somente se Deus existe alguém pode com coerência apoiar os direitos das mulheres. Pois se Deus não existe, a seleção natural dita que quem é dominante e agressivo na espécie é o macho. As mulheres não poderiam ter mais direitos do que uma cabra ou uma galinha. Na natureza, tudo o que existe está certo. Mas quem consegue conviver com essa postura? Ao que parece, nem mesmo os psicólogos freudianos, que traem suas teorias quando levados às suas conclusões lógicas.

Observe, também, o behaviorismo sociológico de alguém como B. F. Skinner. Essa posição leva ao tipo de sociedade imaginada em 1984, de George Orwell, em que o governo controla e programa os pensamentos de todo mundo. Se é possível fazer o cão de Pavlov salivar quando soa uma campainha, pode-se fazer o mesmo com um ser humano. Se as teorias de Skinner estão certas, não pode haver objeção para tratar as pessoas como os ratos na caixa de Skinner, que correm pelos labirintos atraídos por comida e impelidos por choques elétricos. De acordo com Skinner, todas as nossas noções são predeterminadas. E se Deus não existe, não se podem levantar objeções morais contra esse tipo de programação, pois o ser humano não é qualitativamente diferente de um rato, já que ambos são apenas matéria mais tempo mais acaso. Mas repito: quem consegue conviver com uma postura tão desumanizadora?

Ou, por fim, pense no determinismo biológico de alguém como Francis Crick. Sua conclusão lógica é que o ser humano é igual a qualquer outro espécime de laboratório. O mundo ficou horrorizado quando soube que em campos como Dachau os nazistas tinham usado prisioneiros para experimentos médicos em seres humanos. E por que não? Se Deus não existe, não pode haver objeções ao uso de pessoas como cobaias humanas. Um memorial em Dachau traz a inscrição Nie wieder - “nunca mais” – mas esse tipo de coisa continua acontecendo. Há alguns anos foi revelado que, nos Estados Unidos, várias pessoas haviam recebido de pesquisadores médicos drogas esterilizadoras, sem o conhecimento delas. Não temos nós de protestar que isso está errado – que o ser humano é mais que uma máquina eletroquímica? O fim dessa posição é o controle populacional em que os fracos e indesejados são eliminados para abrir espaço para os fortes. No entanto, a única base para podermos protestar com coerência é a existência de Deus. Somente se Deus existe pode haver propósito na vida.

Portanto, o dilema do homem moderno é realmente terrível. Enquanto se negarem a existência de Deus e a objetividade de valor e propósito, esse dilema continuará insolúvel também para o homem “pósmoderno”. Na verdade, é exatamente a consciência de que o modernismo conduz inevitavelmente ao absurdo e ao desespero que constitui a angústia da pós-modernidade. Em alguns sentidos, a pósmodernidade nada mais é que a percepção da falência da modernidade. A cosmovisão ateísta é insuficiente para proporcionar uma vida feliz e coerente. O ser humano não pode viver de modo coerente e feliz como se a vida no fim das contas não tivesse sentido, valor ou propósito. Se tentarmos viver de modo coerente dentro da cosmovisão ateísta, acabaremos profundamente infelizes. Se, porém, conseguirmos viver felizes, será apenas contradizendo nossa cosmovisão.

Confrontado com esse dilema, o ser humano procura pateticamente alguma escapatória. Num discurso marcante à Academia Americana para Desenvolvimento da Ciência, em 1991, o Dr. L. D. Rue, confrontado com o predicamento do homem moderno, defendeu corajosamente que enganemos a nós mesmos com alguma “Mentira Nobre” para que pensemos que nós e o universo ainda temos valor[14]. Ao afirmar que “a lição dos últimos dois séculos é que o intelectualismo e o relativismo moral são o problema”, o Dr. Rue especula que a conseqüência dessa constatação é que a busca da integralidade (ou realização) pessoal e a busca da coerência social se tornam independentes uma da outra. Isso é assim porque, em vista do relativismo, a busca da realização pessoal fica radicalmente individualizada: cada pessoa escolhe seu próprio conjunto de valores e significado. “Não existe uma explicação definitiva e objetiva do mundo ou da pessoa. Não existe um vocabulário universal para integrar cosmologia e moralidade.” Se quisermos evitar a “alternativa do hospício”, em que a realização pessoal é buscada à custa da coerência social, e a “alternativa totalitária”, em que a coerência social é imposta à custa da integralidade pessoal, não temos outra escolha senão adotar alguma Mentira Nobre que nos inspire a viver além dos interesses egoístas, para chegar à coerência social. Mentira Nobre “é aquela que nos engana, nos ilude, nos impele além do interesse próprio, além do ego, além de família, nação [e] raça”. E uma mentira porque nos diz que o universo é dotado de valor (o que é uma grande ficção), porque alega ser uma verdade universal (o que não existe) e porque me diz que não devo viver para os meus interesses (o que é obviamente falso). “Sem essas mentiras, no entanto, não conseguimos viver.”

Esse é o terrível veredicto pronunciado sobre o homem moderno. A fim de sobreviver, ele tem de viver enganando a si mesmo. Contudo, mesmo a alternativa da Mentira Nobre, no fim das contas, não funciona, porque, se o que eu disse até aqui está correto, a crença na Mentira Nobre seria necessária não apenas para atingir coerência social e integralidade pessoal para as massas, mas também para alcançar a própria integralidade pessoal. Isso porque ninguém pode viver de modo feliz e coerente com uma cosmovisão ateísta. A fim de sermos felizes, temos de crer em sentido, valor e propósito objetivos. Entretanto, como se pode crer nessas Mentiras Nobres e ao mesmo tempo crer em ateísmo e relativismo? Quanto mais convencido se estiver da necessidade de uma Mentira Nobre, menos se será capaz de crer nela. Como um placebo, uma Mentira Nobre funciona apenas para aqueles que acreditam que ela é a verdade. Uma vez que desmascaremos a ficção, a Mentira perde seu poder sobre nós. Assim, por ironia, a Mentira Nobre não pode solucionar o predicamento humano em todos aqueles que compreenderam esse predicamento.

A alternativa da Mentira Nobre, portanto, na melhor das hipóteses conduz a uma sociedade em que um grupo elitista de illuminati engana as massas em proveito próprio, perpetuando a Mentira Nobre. Mas por que os que estamos iluminados deveríamos seguir as massas em sua ilusão? Por que haveríamos de sacrificar o interesse próprio por uma ficção? Se a grande lição dos últimos dois séculos é o relativismo moral e intelectual, por que fingir (se pudéssemos) que não sabemos essa verdade e, em lugar disso, viver uma mentira? Se alguém responder: “Por amor à coerência social”, podemos legitimamente perguntar por que deveria eu sacrificar meu interesse social por amor à coerência social? A única resposta que o relativista pode dar é que a coerência social é do meu interesse – mas o problema com essa resposta é que o interesse próprio e o interesse do rebanho nem sempre coincidem. Além disso, se (por interesse próprio) eu me importo com a coerência social, a alternativa totalitária sempre está aberta para mim: esquecer a Mentira Nobre e manter a coerência social (assim como a minha realização pessoal) à custa da integralidade pessoal das massas. Gerações de líderes soviéticos que enalteciam virtudes proletárias enquanto circulavam em limusines e jantavam caviar em suas dachas ou casas de campo acharam essa alternativa bastante interessante. Rue sem dúvida consideraria essa alternativa repugnante. Mas nisso é que está o problema. O dilema de Rue é que ele obviamente valoriza tanto a coerência social quanto a integralidade pessoal por amor a ambas; em outras palavras, elas são valores objetivos, o que, de acordo com a sua filosofia, não existe. Ele já saltou para o andar superior. A alternativa da Mentira Nobre, portanto, afirma o que nega e refuta a si mesma.

O SUCESSO DO CRISTIANISMO BÍBLICO
Entretanto, se o ateísmo fracassa nesse aspecto, o que dizer do cristianismo bíblico? De acordo com a cosmovisão cristã, Deus existe, e por isso a vida do ser humano não termina no túmulo. No corpo ressurreto, o ser humano pode gozar da vida eterna em comunhão com Deus. O cristianismo bíblico, portanto, proporciona ao ser humano as duas condições necessárias para uma vida com sentido, valor e propósito: Deus e a imortalidade. Por causa disso, podemos viver de modo coerente e feliz. Assim, o cristianismo bíblico é bem sucedido exatamente onde o ateísmo fracassa.

CONCLUSÃO
Agora quero deixar claro que ainda não demonstrei que o cristianismo bíblico é verdadeiro. O que fiz foi enunciar claramente as alternativas. Se Deus não existe, a vida é inútil. Se o Deus da Bíblia existe, a vida tem sentido. Somente a segunda dessas duas alternativas nos possibilita viver felizes e coerentes. Por isso, parece-me que, mesmo que as evidências para essas duas alternativas fossem exatamente iguais, uma pessoa racional haveria de escolher o cristianismo bíblico. Parece-me positivamente irracional preferir morte, ausência de sentido e destruição em lugar de vida, sentido e felicidade. Como disse Pascal, não temos nada a perder e ganhamos o infinito.

Extraído do livro “A Veracidade da Fé Cristã”, William Lane Craig, Editora Vida Nova.


Sobre o autor: Willian Lane Craig é doutor em filosofia pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e em teologia da Universidade de Munique, e atualmente é professor-pesquisador de filosofia na Escola de Teologia Talbot. É membro de nove sociedades de profissionais, entre as quais a Academia Americana de Religião, a Sociedade de Literatura Bíblica e a Associação Filosófica Americana, e escreve artigos para New Testament Studies, Journal for the Study of the New Testament, Journal of the American Scientific Affiliation, Gospel Perspectives, Philosophy e outras publicações acadêmicas. Escreveu vários livros, entre eles A Veracidade da Fé Cristã e Filosofia e Cosmovisão Cristã (em co-autoria), ambos publicados pela Editora Vida Nova.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

AMIGOS E MANIPULADORES


Talvez seja assim que alguém que se diz seu amigo ou sua amiga esteja tratando você.

Vamos continuar esta discussão...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

PORQUE A RAIVA, CAIM?



Por Pr. Abimael Canto Melo


Caim ficou com raiva porque o seu sacrifício não foi aceito por Deus, e estava tão transtornado que nem considerou o conselho que Deus lhe deu: "O Senhor disse a Caim: "Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu rosto? Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo" (Gn 4:6-7). O que ele fez? Matou o irmão.

Caim ilustra a conduta de muitos que querem se impor como cristãos-evangélicos a todo custo, com uma conduta reprovável pela Palavra de Deus, diante de Deus, diante do mundo e da igreja.

Eles querem estar lá na frente, hipocritamente, pregando e ensinando o que resistem em praticar; ou então, se deixarem, pregando e ensinando aquilo que os tornam rebeldes: encorajando outros a serem permissivos e frouxos com a santidade.

Eles querem estar lá na frente, hipocrita e cinicamente, exercendo um poder de manipulação emocional e espiritual do povo de Deus, aproveitando-se do ambiente solene do culto para se tornarem imagens do Deus Invisível, emblemas de Cristo ou do Espírito Santo.

Eles querem a todo custo ter um espaço cativo como celebridades da Igreja de Cristo porque essa é a única condição para que sejam crentes. Eles não estão dispostos a reconhecer que precisam fazer as coisas como elas devem ser feitas; que precisam pautar sua conduta na vontade de Deus. Ao contrário, incham-se de razões, fazem-se de vítimas, reclamam sua importância junto aos admiradores e fãs, adotam o coitadismo como arma para se vingarem dos seus "perseguidores". Tudo isso porque, para essas pessoas, o que importa é o que elas pensam, o que fazem, desde que continuem no palco, nos púlpitos, nos cargos, exercendo influência, sendo reverenciadas, paparicadas, servindo de referência para um monte de gente que ainda não escapou do laço da espiritualidade paranóica, estérica e sensual, que cada vez mais se aprofunda nas crendices do inferno.

À semelhança de Caim, essa gente pratica um culto ("adoração") irreverente, made in mundo, tendo a Bíblia apenas como um amuleto da tradição cristã, com relevância apenas para o que é conveniente. Essa gente, seguidora de Caim, quer a todo custo trasnformar a Igreja de Cristo em um Inferno Pirata. O pretexto é o crescimento do Reino de Deus, a evangelização. Mas cadê a oferta agradável? Cadê o espirito quebrantado a obedecer a Deus?

Tocar neste nervo significa sentença de morte, porque os seguidores de Caim são raivosos, irados e não aceitam ser confrontados com a santidade de Deus e de Sua Palavra. Eles têm aparência de piedade, mas negam a sua eficácia com suas obras (II Tm 3:5).

Esse povo é rebelde; são filhos mentirosos, filhos que não querem saber da instrução do Senhor.
Eles dizem aos videntes: "Não tenham mais visões!" e aos profetas: "Não nos revelem o que é certo! Falem-nos coisas agradáveis, profetizem ilusões.
Deixem esse caminho, abandonem essa vereda, e parem de confrontar-nos com o Santo de Israel!" (Is 30:9-11)

Por que Caim se irou? A resposta mais simples é: porque ele queria ser aprovado com a desobediência, com o erro, com o diferente, com a carnalidade.

Deus continua falando com os seguidores de Caim, insistindo para que andem humildemente diante da Sua presença e que O glorifiquem com suas obras (Mq 6:8; Mt 5:16).

10 Razões para Aceitar a Ressurreição de Jesus como Fato Histórico Defendendo a Fé Cristã  /  16 de abril de 2017 Quando deixei o mi...